Quem chega ao IEMA de Porto Franco é recebido por uma explosão de cores que contam uma história de pertencimento e inspiração. No muro, o olhar firme e sereno de Edvan da Silva Oliveira, artista, mestre e fundador da CIATDAL – Companhia de Teatro e Dança Arte Livre — se mistura a elementos da cultura popular maranhense, como a serpente, conhecida em São Luís como a Serpente Encantada e, na região Tocantina, como Cobra Boiúna, o barco e as bandeirinhas de São João.
O mural faz parte do Projeto Graffiti nas Escolas – Caravana IEMA de Arte Urbana, que vem transformando muros de escolas públicas em verdadeiras galerias a céu aberto. Em Porto Franco, a ação ganhou um significado ainda mais forte: homenagear quem dedicou a vida à arte, à educação e à juventude da região Tocantina.
Um mural que celebra a arte e a história da CIATDAL
Mais do que uma pintura, o mural é um registro de afeto e reconhecimento. Cada cor e cada detalhe falam sobre o impacto que Edvan Oliveira e a CIATDAL tiveram (e continuam tendo) na formação de jovens artistas, educadores e sonhadores. A imagem eternizada no muro representa a força de um projeto que começou pequeno e se transformou em referência nacional quando o assunto é arte, resistência e transformação social.

O Projeto Graffiti nas Escolas não veio apenas colorir o espaço, ele trouxe significado. Enquanto os alunos do IEMA circulam pelos corredores, veem ali mais do que um rosto: veem a prova de que a arte urbana pode contar histórias, inspirar futuros e resgatar memórias que pertencem a todos.
O mural é, ao mesmo tempo, uma homenagem e um recado: a arte muda vidas quando encontra espaço para florescer. E, em Porto Franco, a CIATDAL tem sido esse espaço há quase duas décadas, um lugar onde talento e propósito caminham juntos.
Edvan da Silva Oliveira: uma vida dedicada à cultura, à educação e ao território
Falar de Edvan da Silva Oliveira é falar de alguém que transformou o amor pela arte em um projeto de vida. Desde os tempos de escola, quando ainda era estudante do ensino médio, ele já usava o palco como ferramenta de expressão e aprendizado. Inspirado pelas professoras Gecilia Sabino de Sá e Marilene Soares da Silva, Edvan dirigiu e encenou grandes clássicos da literatura brasileira, como O Navio Negreiro de Castro Alves, Senhora de José de Alencar, Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis e O Auto da Compadecida de Ariano Suassuna.
A paixão pelo teatro cresceu e se transformou em missão. Nos anos 2000, ao lado de amigos e parceiros de jornada, Wesley Fernandes Silva, Maria de Fátima, Jhonatan Reis e Flávio Melo, fundou o Grupo Amor à Arte, sua primeira experiência coletiva no teatro. Pouco tempo depois, em 2006, deu um passo que mudaria o cenário cultural da região ao criar a CIATDAL – Companhia de Teatro e Dança Arte Livre.

Com a CIATDAL, Edvan consolidou uma trajetória marcada pela arte, pela resistência e pelo impacto social. O grupo nasceu do desejo de fazer da cultura um meio de transformação, principalmente para jovens em situação de vulnerabilidade. Ao longo dos anos, a companhia formou artistas, promoveu festivais, realizou projetos educativos e se tornou uma referência regional em arte, inclusão e valorização da identidade local.
Além de artista e educador, Edvan construiu uma sólida trajetória acadêmica. É mestre em Estudos de Cultura e Território pela UFNT (2024), especialista em Educação, Pobreza e Desigualdade Social (UFT) e Economia Solidária (UFT), além de graduado em Ciências com habilitação em Matemática (UEMA) e bacharelando em Administração Pública.

Sua atuação profissional também reflete esse compromisso com a cultura. Já foi secretário municipal de Cultura e Turismo de Porto Franco, período em que liderou a criação do Conselho e do Fundo Municipal de Cultura e formalizou a adesão do município ao Sistema Nacional de Cultura (SNC). Hoje, atua como coordenador de Cultura em Porto Franco e conselheiro estadual de cultura do Maranhão, reafirmando sua presença ativa nas políticas públicas que fortalecem o setor.
Mais do que um gestor ou professor, Edvan é um exemplo de como a arte pode transformar trajetórias e comunidades inteiras. Sua história inspira não só artistas e estudantes, mas todos que acreditam que a cultura é um caminho real para o desenvolvimento humano, a inclusão e a construção de um território mais consciente e orgulhoso de suas raízes.
O Projeto Graffiti nas Escolas – Caravana IEMA de Arte Urbana
O Projeto Graffiti nas Escolas – Caravana IEMA de Arte Urbana vem colorindo o Maranhão e mostrando, na prática, o poder que a arte tem de transformar o ambiente escolar. A proposta é simples e poderosa: levar arte urbana para dentro das escolas, estimulando a criatividade, o senso de pertencimento e o orgulho das identidades locais.

Em cada parada da Caravana, muros cinzas ganham vida, cores e histórias. Em Porto Franco, o projeto ganhou um significado ainda mais especial ao homenagear Edvan da Silva Oliveira, fundador da CIATDAL, com um mural vibrante que mistura elementos da cultura popular maranhense, como o barco, a serpente, conhecida em São Luís como a Serpente Encantada e, na região Tocantina, como Cobra Boiúna e as bandeirinhas juninas.
A obra foi criada pelos artistas do Coletivo Efeito Colateral, grupo que integra o projeto Graffiti nas Escolas, e assinam o trabalho com o estilo marcante que já é referência no cenário de arte urbana maranhense. O coletivo, conhecido também pelos perfis @efco.crew e @graffiti_nas_escolas, é responsável por levar a Caravana de Arte Urbana a diversas escolas do Maranhão, conectando artistas, estudantes e comunidades por meio da arte.
A arte não apenas embeleza o espaço, ela conecta passado, presente e futuro, mostrando aos estudantes que o conhecimento também nasce da cultura e das experiências da própria comunidade.
O IEMA Porto Franco foi uma das escolas escolhidas para receber o projeto, e a iniciativa tem inspirado professores e alunos a enxergarem o espaço escolar como um lugar de expressão e criação coletiva. Para muitos jovens, é a primeira vez que veem um artista produzindo uma obra desse porte dentro da escola, o que desperta curiosidade e identificação.
Além de valorizar a cultura maranhense, o Projeto Graffiti nas Escolas estimula o diálogo sobre arte, meio ambiente e cidadania. A Caravana IEMA de Arte Urbana faz parte de uma política pública que entende a arte como ferramenta educativa, uma forma de estimular o pensamento crítico, a sensibilidade e o engajamento social dos estudantes.

O mural em homenagem a Edvan Oliveira simboliza exatamente isso: a arte que educa, transforma e une gerações. É o reconhecimento de uma trajetória que inspira e continua ecoando nas vozes e nas cores da juventude de Porto Franco.
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Mais do que uma homenagem, o mural é uma conversa entre o passado e o futuro. Ele mostra que a arte urbana pode contar histórias de forma acessível, tocar corações e criar pontes entre a escola e a comunidade. E quando um projeto como esse encontra um nome como o de Edvan Oliveira, o resultado é o que se vê em Porto Franco: um muro que não apenas fala, mas inspira.
O mural do IEMA Porto Franco é muito mais do que uma pintura. É um lembrete do quanto a arte pode transformar espaços e pessoas, principalmente quando nasce do diálogo entre a escola e a comunidade. A homenagem a Edvan da Silva Oliveira mostra que a cultura é viva, pulsante e que permanece onde há cor, movimento e vontade de fazer a diferença.

A CIATDAL sempre acreditou que a arte educa, liberta e constrói pontes. Ver essa filosofia estampada nas paredes de uma escola é ver o propósito se multiplicando, alcançando novos olhares e inspirando novas histórias. O Projeto Graffiti nas Escolas – Caravana IEMA de Arte Urbana reforça essa missão, provando que quando a arte chega às salas de aula, ela desperta pertencimento, autoestima e consciência.
Mais do que um tributo, esse mural é um convite, um chamado para continuar sonhando, criando e acreditando no poder da arte como ferramenta de transformação. Cada traço, cada cor e cada símbolo ali pintado contam um pouco da história de quem ousou acreditar que a cultura poderia mudar o mundo.
E mudou.




